19 de dezembro de 2010

Férias na Zoropa!

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Meus queridos, La Chica Rizada tira os tão esperados dias férias. Desta vez, ela viaja, junto com a "prima" ao Velho Mundo, lê-se Europa. Serão quase 20 dias de pura diversão, aventura e muita história para contar, retornando apenas em 2011. Mas quem disse que ela, mesmo de férias, ficará desconectada (nerd viciada)?


Para acompanhá-la, basta dar uma passada no Las Mochileras de Tacón. Espero que todos gostem e curtam bastante. Aproveito desde já para desejar a todos um Feliz Natal e um Ano Novo lotado de coisas boas: saúde, paz, amor e, claro, dinheiro no bolso!

Até a próxima! =*

12 de dezembro de 2010

Proteção angelical

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Em meio ao clima natalino, sempre nos lembramos das boas ações para com as outras pessoas, incorporando o espírito de ajudar e fazer o bem. Foi por causa disso que me lembrei dos anjos da guarda. Quando somos crianças, sempre ouvimos os adultos falarem deles, que protegem a garotada de tudo. Quem nunca ouviu: “Bom que nada aconteceu a ele (a). O anjo da guarda dele (a) é muito forte!”? Pois bem, descobri que o meu se chama Mebahiah, que “ajuda a ter consolação e poder para vencer em qualquer tipo de atividade. Favorece também a proteção às crianças”. Mas será que esses seres angelicais permanecem zelando aquelas crianças que cresceram e se tornaram adultos cada vez mais descrentes das coisas boas, egoístas e com medo de sair pela rua por conta da violência?

Após receber uma notícia desagradável, fui andando até um ponto de ônibus para começar o meu dia de trabalho. Subi no veículo e me sentei na janela, onde tudo passava, mas não conseguia ver nada. De óculos escuros, comecei a chorar discretamente. Nesse meio tempo, uma senhora sentou ao meu lado, mas não percebi. Ao chegar a minha parada, peço licença a senhora para sair e dar o sinal de descida. Segundos depois, me dei conta que não desembarcaria sozinha. A senhora também. Ela ficou próxima a mim e, do nada, me disse com uma voz suave e baixa:

- Moça, não se preocupe. O motivo do seu choro é só uma fase. Tudo vai passar e acabar bem. Não se preocupe!


Fiquei paralisada com aquelas palavras de conforto ditas, casualmente, por uma estranha que nem se quer sabia o que se passava. O ônibus parou, a porta se abriu, a senhora desceu e eu permaneci parada por alguns segundos olhando-a descer. Durante o restante do dia, me senti mais confortada e tranquila. No fim das contas, tudo, de fato, foi apenas uma fase que acabou bem.

Em um fim de semana qualquer, saindo da locadora de DVDs, o meu celular toca. Atendo. Meu pai queria falar sobre alguma coisa que não me recordo. Conversando com ele, continuo andando e paro no semáforo, distraída com a ligação, para esperar atravessar. Foi ai que dois rapazes passam em uma bicicleta e me fitam na calçada, mas não dei bola. O sinal abre para mim e atravesso a avenida. Já chegando ao outro lado, escuto uma buzina de carro aleatória. Não dou bola. Depois, escuto uma voz:



- Ei, moça! – disse o rapaz em um carro parado no semáforo.
- Eu?!? – paro e vou em sua direção, após ele confirmar, imaginando precisar de alguma informação local.
- Cuidado! Aqueles dois rapazes na bicicleta vão querer lhe assaltar. Estavam olhando muito para o seu celular e conversaram entre si, gesticulando para você.
- Obrigada! – respondi meio assustada.

Segui andando até o salão de beleza onde frequento, que ficava nas proximidades. Conversei com as funcionárias sobre o fato e permaneci ali por alguns minutos. Os rapazes foram embora e continuei meu percurso.

Se foi meu anjo da guarda, não sei ao certo e talvez nunca irei saber. O fato é que, quando o tal Mebahiah estiver de folga, ainda poderei contar com os “anjos interinos”, pessoas que desejam o bem e zelam pelo seu próximo.

Quer descobrir qual o seu anjo? Entra aqui ó: Anjos, por Monica Buonfiglio.

24 de novembro de 2010

Uma “analfabeta tecnológica”

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Durante um almoço com colegas de trabalho, comecei a refletir uma questão: “será que estamos preparados para viver numa sociedade moderna e tecnológica, em que (quase) tudo pode ser resolvido com apenas alguns cliques, ou melhor, alguns toques?” Quando soube que o Brasil já tem mais celulares do que habitantes, me assustei. Todo dia sou surpreendida por novas ferramentas tecnológicas, como smartphones, iPhones, netbooks, televisões cada vez mais finas, internets que tentam ser mais rápidas, redes sociais, enfim. Há dez anos, quem imaginaria que usaríamos tais utensílios? Mas será mesmo que já podemos dizer que fazemos parte desse mundo... tecnológico?

Voltando à reflexão do almoço, solicitei ao garçom a máquina da bandeira do meu cartão para fazer o pagamento no débito. Ele começou o processo e, distraída de início, não havia percebido que estava demorando a passar o cartão, digitar alguns números e pronto. Uma ação de apenas alguns segundos, a depender da conexão entre a máquina e a operadora. Quando percebi, o garçom estava totalmente enrolado para efetuar o pagamento, coitado. A máquina do cartão mais parecia um labirinto sem saída, em que ele andava, andava e não chegava a lugar algum. Foi quando o gerente, acredito, se aproximou e começou a orientá-lo, como um professor que ensina o aluno na alfabetização, detalhe por detalhe o “ABC” tecnológico daquela ferramenta.


Ok, parecia que ele estava começando hoje e era um treinamento. Depois, mesmo assim, pensei: “minha nossa, qual a dificuldade de usar essa maquininha? Não há mistério algum: coloca o cartão no local específico do chip e automaticamente a máquina faz as perguntas de ‘débito ou crédito’, ‘à vista ou parcelado’, ‘valor’ e ‘senha’”. Foi ai que pequei em julgar a capacidade daquele rapaz, pois o comparei comigo, que pensava ser a "pós-graduada da tecnologia". Depois do fato, lembrei que aconteceu comigo praticamente a mesma coisa, quando me senti uma "analfabeta tecnológica"!

Na minha primeira viagem a Lisboa (Portugal), um amigo luso me levou a uma grande rede de supermercados para comprar um bom vinho e azeite portugueses. Assim como aqui, fui à fila de pequenas compras para efetuar o pagamento dos produtos. O susto: não havia caixas (lê-se funcionários), apenas os computadores, ou seja, tinha de efetuar tudo sozinha. Comecei a ficar nervosa na fila e pedi ao meu amigo português para me ajudar a manusear a tal máquina.

- É simples, Rafa. A máquina é bem didática. Basta passar os produtos e efetuar o pagamento. – disse meu amigo tentando me acalmar.
- E é? Do jeito que sou, vou me enrolar toda e o povo vai reclamar na fila. Vergonha da minha pessoa. Você vai me ajudar sim!


Chegou a minha vez. Comecei a ficar mais nervosa ainda. Mãos suadas e tremendo. Passei os produtos na máquina e, de fato, era didática. Chegou a hora do pagamento, o medo: como é que funciona? Não vou pagar no cartão. É preciso ter o dinheiro contado? O meu amigo luso só fazia rir da minha cara, e com razão, claro! Uma pessoa com certa “alfabetização tecnológica” ficar tão nervosa com uma simples máquina. Arrependo-me de, até hoje, não ter registrado esse momento ridiculamente tosco! Então, fiz o pagamento em dinheiro e coloquei as cédulas no local que a máquina indicava.

- Coloquei um valor bem maior. O troco vem certinho? – questionei (trauma do jeitinho brasileiro na versão do mal) ao meu amigo.
- Claro que sim. Se a máquina não tiver, ela avisa e uma pessoa vem aqui recolocar o dinheiro para o troco ser liberado.

Gente, para mim, foi a coisa mais surpreendente e espetacular da máquina ter “cuspido” as cédulas e moedas no valor do troco correto. Parecia uma criança que acabou de descobrir que a luz da geladeira se apaga quando a porta fecha!

- NOOOOOSSA! Hum... não sei se isso no Brasil daria certo. Bom, pelo menos no início...

Resumindo, ainda estamos no processo de “alfabetização tecnológica” que, infelizmente, não é acessível a todos. E mais infelizmente ainda é que a tecnologia está se atualizando cada vez mais rápido e ainda não estamos conseguindo alcançá-la...

2 de novembro de 2010

E Dilma me levantou...

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31 de outubro de 2010, dia em que o Brasil elegeu, pela primeira vez, uma mulher como presidente. Uma data que ficará marcada na história. Fiquei feliz por ter sido testemunha e feito parte desse pioneirismo. Não vou e nem quero usar esse espaço para ficar falando de política, coisa que gosto. Entretanto, é um dos temas que constam na minha lista de veto a discussões (acredito que de muita gente também): política, religião, futebol e cultura. Mas... sim, é verdade que vim falar da eleita presidenta/presidente Dilma Rousseff. Vim falar de alguns momentos em que tive a oportunidade de, como repórter, entrevistá-la nas diversas vezes em que ela veio ao meu querido Pernambuco.

Não vou mentir que ela tinha uma fama de mulher sisuda, de personalidade forte, rígida e “mão de ferro”, como muitos a chamaram, quando ela assumiu, pela primeira vez o cargo de ministra-chefe da Casa Civil. Acredito que até hoje. Lembro de uma reunião em que o presidente Lula e os governadores do Nordeste (salvo engano) estiveram presentes no Palácio Campo das Princesas, sede do governo estadual. Dilma estava lá, para apresentar um balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Nós, os repórteres, assistimos o encontro em uma sala a parte, a maioria sentada no chão, por uma TV LCD.


Foi desesperador quando vimos Dilma pegar um calhamaço de papel encadernado, abaixar os óculos e começar a falar, depois de algumas horas de reunião. Com uma voz firme e fria, ela explicou todos os números e os repórteres, cada um, “pedindo penico”, pois foi mais de uma hora de apresentação. E ai do técnico que estava manejando o computador colocasse a transparência errada. De fato, foi uma experiência não muito agradável.

Mas, certo dia, conheci uma outra Dilma de perto, bem de perto. Uma “mão de ferro” mais sensível e atenciosa. Como repórter de economia, o jornal me mandou para o lançamento de uma das etapas de construção da Refinaria Abreu e Lima, no Porto de Suape. Detalhe, por motivos inexplicáveis e macabros, o danado do evento foi à noite (!). Assim como outros repórteres que estiveram presentes, ficamos horas esperando e muitos cansados, pois o tempo passava e o deadline (lê-se prazo final) do jornal não esperava por isso. O nervosismo começou a reinar entre nós, transformando o relógio nosso inimigo.

Eis que Dilma chega. Fala seu discurso, assim como outras autoridades presentes. O melhor momento é o da coletiva improvisada, onde todos os microfones querem “engolir” o entrevistado e os câmeras e fotógrafos lutam pelo melhor ângulo. Dei bobeira e perdi meu pequeno espaço para por o gravador. A então ministra estava cercada. Tentei esticar meu braço entre tantos outros, mas logo cansava de tão espremida que estava. Enquanto isso, eu tentava encontrar qualquer que fosse a brecha para ficar mais próxima e fazer a minha pergunta.




Entre umas pernas e outras, encontro uma alternativa. Havia um vácuo entre Dilma, os microfones e os repórteres. Pois é, podem acreditar. A maluca aqui se enfiou por debaixo das pernas de todos ali e ficou ajoelhada na frente da futura presidente do Brasil, apenas para gravar o que falava e poder lhe fazer uma pergunta. No meio de diversas perguntas, a vejo olhar para mim aos seus pés e dar um sorriso discreto. Enfim, consigo fazer minha pergunta. Todos os microfones se voltam para mim, embaixo, e Dilma responde sorrindo:

- Por favor, levante-se. Não vou responder a sua pergunta assim. – falou ela me ajudando a levantar pelos braços e me colocando na frente de todas as câmeras, microfones e tantos outros gravadores.

Todos ali presentes riram da situação, inclusive eu que a agradeci por ter me respondido e me ajudado a levantar. Enfim, consegui minha matéria e fui digitá-la para sair no dia seguinte.




Por essas e outras, desejo boa sorte a mais nova presidente/presidenta do Brasil. Que ela consiga penalizar e corrigir os erros cometidos com sua “mão de ferro”, mas que também melhore ainda mais esse Brasil de meu deus com a mesma sensibilidade e atenção que teve para com a minha pessoa naquele maluco dia de repórter! Boa sorte, Dilma! _o/

24 de outubro de 2010

Honestidade ainda existe, graças a deus!

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Educação e honestidade são duas atitudes em extinção na nosa sociedade brasileira pós-moderna do século 21. Mesmo em menor número, elas ainda aparecem como pequenas flores no meio de tantas ervas daninhas, tentando manter as boas ações sempre vivas e nos surpreendendo. Fui ao show da banda Los Hermanos que resolveu, depois de alguns anos sem subir a um palco, fazer algumas apresentações específicas para matar a saudade (oi?) dos fãs. Então, imaginem como o público estava: ansioso, nervoso, emocionado, desesperado, entre outros sentimentos de fã enlouquecido e de carteirinha.

Para entrar no espaço onde aconteceu o espetáculo, não se escutava “por favor”, “com licença” e muito menos “desculpa”. Era cada um por si. Muita gritaria, empurra-empurra, aperto e ignorância. Estava claro que a má organização da produção também colaborou para isso. Mesmo assim, o bom senso do público passava longe. Já dentro, sem comentários, pois tive a sensação de estar acompanhando um bloco pelas ladeiras de Olinda durante o Carnaval (pelo menos na festa de momo todos se divertem). Enfim, eu e alguns amigos encontramos um cantinho – apertado – para acompanhar o show da banda.

O segredo é levar tudo na esportiva. Mas quem consegue com pessoas lhe empurrando, batendo, uma querendo brigar com a outra e gritando no pé do seu ouvido? Sei que também a idade vai avançando e você não aguenta mais determinadas coisas, mas... Em quase duas horas de show, o saldo foi: reclamei com um fã louco por ter me empurrado e quase fui agredida; consegui evitar uma briga entre estranhos, também para não sobrar socos na minha cabeça; fui pisada; empurrada milhares de vezes; espremida e tive a bunda apalpada. Que show, não?



Pois bem, no meio desse “jardim de ervas daninhas”, eis que surgiu uma “flor”. Um dos meus amigos perdeu o celular durante o show. Não conseguimos encontrá-lo e o demos por perdido. Logo, deduzimos que o “dono” o encontrou e levou para casa. No dia seguinte, pegamos a estrada para uma praia no Litoral Sul de Pernambuco e, de repente, recebo uma ligação no meu celular com código do Rio de Janeiro. Como estava dirigindo, pedi ao meu amigo que perdeu o telefone para atendê-lo. No meio da ligação, um grito de comemoração:

- É O MEU CELULAR!!!!!

Isso mesmo! O carioca da ligação foi a pessoa que encontrou o aparelho e gostaria de devolvê-lo. O “salvador do celular”, por coincidência, também estava indo para mesma praia que nós. Marcamos de nos encontrarmos lá, mas, por ironia do destino, não deu certo. Já de noite no mesmo dia, consegui falar com ele, já que não havíamos conseguido antes:

- Desculpe não ter atendido vocês mais cedo. Deixei o celular no quarto do hotel e fui para a praia. Prometo que, agora, ele ficará na minha mão o tempo todo! – prometeu o carioca.
- Que isso, fulano, você não tem que se desculpar de nada. Nós é que temos que lhe agradecer por ter achado o telefone, guardado, feito ligações interurbanas e a boa vontade de devolvê-lo. – o corrigi educadamente pela sua atitude.

Devido aos desencontros e horários de voos – meu amigo do celular perdido morava em São Paulo -, não conseguimos resgatar o aparelho naquele dia. Entretanto, ele iria, dentro de alguns dias depois, para o Rio de Janeiro a trabalho. Os dois combinaram de se encontrar lá, devolver o telefone e, quem sabe, tomar uma boa cerveja carioca gelada em agradecimento pelo ato de honestidade e boa vontade do “salvador do celular”.

São essas pequenas boas atitudes, em meio a tantas outras grandes ruins, que nos obriga a refletir a sociedade em que vivemos e como nos damos com ela. =)

3 de outubro de 2010

Brasil, meu Brasil brasileiro!

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Dia 3 de outubro de 2010. Um domingo que acordei com a missão de eleger os meus representantes estaduais e federais em Brasília e no meu Pernambuco. Peguei meu título e um documento oficial com foto e fui até ao colégio eleitoral onde estava a minha seção. No meio do caminho, senti uma tristeza enorme: as ruas nas proximidades da minha votação estavam repletas de santinhos dos mais variados candidatos, um cidadão jogando os papéis no chão e um bar estava aberto onde víamos clientes bebendo cerveja. Pois é, mesmo com a proibição da boca de urna e a Lei Seca durante o dia de votação. Isso foi apenas o que presenciei, mas conferi no microblog Twitter amigos comentando outras situações piores.

É, esse é o meu Brasil brasileiro! Tenho muita pena da democracia, coitada, que só pede um pouco de respeito. Não querendo comparar, mas já comparando... Em março de 2008, presenciei a eleição espanhola. Cheguei na capital, Madri, sem perceber que era a última semana de campanha eleitoral. Nas ruas, pouco material de divulgação, ou seja, a poluição visual política era mínima. Por onde passei, vi apenas um prédio em reforma na Gran Vía (a principal da cidade) com um enorme banner na fachada, um ônibus de campanha e algumas “bandeirolas” penduradas em postes. Também flagrei algumas pessoas panfletando as propostas políticas dos candidatos, tipo umas três. Eles pareciam desconfiados, fazendo algo ilegal. Sentia receio nos seus olhares.







Então, chegou o dia da eleição. Também um domingo. Não vi absolutamente nada de anormal. Parecia um domingo qualquer. Lá, sei que votar não é obrigado, forçando o candidato a ser o melhor marketeiro possível para convencer a população a sair de casa, num domingo para votar (será que por isso funciona?). Cheguei a presenciar muitos idosos indo até os locais de votação cumprir o seu papel de cidadão. Vi tudo muito organizado, sem bagunça, sem sujeira, ninguém bebendo nos bares. Todos indo votar porque queriam. Achei lindo e perfeito. O modelo ideal de democracia eleitoral. Morri de vergonha de ser brasileira quando me perguntaram como era aqui: tudo sujo, desorganizado e sou obrigada a votar.

Entretanto, nem tudo é perfeito e tudo que é bom tem seu alto preço. Quando estava saindo da casa onde estava, a senhora responsável pela hospedaria me aconselhou:

- Menina, cuidado na rua. Hoje, é dia de votar. Evite pegar metrô. Prefira caminhar.
- Por quê?
- Por causa dos atentados. É perigoso. Nunca se sabe... – respondeu a senhora com uma voz temerosa.

Fiquei com muito medo de sair pelas ruas. Logo pensei: “No Brasil, não é assim! Nunca sai de casa no dia de eleição com essa sensação de insegurança, de terror”. Foi ai que percebi: apesar de toda a bagunça eleitoral, não chegamos a cometer tamanhas loucuras. Bom, em alguns lugares podem até necessitar da ajuda do Exército, por exemplo, mas nunca soube de “ataques terroristas” ou assassinatos em massa. O trauma e o medo dos espanhóis durante uma eleição se deram por causa dos atentados de 11 de março de 2004, em Madri. Quatro dias depois da tragédia, houve eleições legislativas.

Ai, fiquei pensando: independendo ser do Velho Mundo, onde tudo se imagina ser perfeito, ou ser um país emergente onde a bagunça e o desrespeito à democracia reinam, cada um tem o seu problema e que precisa ser resolvido. Somos o que somos por causa da nossa história, do nosso passado. Vamos melhorar? Não sei. Só sei que passamos por muitas barreiras: mulheres e pobres agora podem votar; derrubamos a ditadura e a censura; implantamos uma “democracia”, estranha, mas é uma; implantamos a urna eletrônica, que reforça o nosso voto secreto e acelera o resultado das eleições; a sociedade civil conquistou a lei Ficha Limpa.

Para um país que tem 510 anos com cerca de 190 milhões de habitantes pra organizar, que passou por uma colonização troncha, um império perturbado e uma república traumática, até que estamos indo bem, mas ainda falta MUITO a melhorar.

Leia mais:
Repórter de "guerra" eleitoral
Uma louca em minha vida espanhola I
Uma louca em minha vida espanhola II

26 de setembro de 2010

Dentes insensíveis ao bolso

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Quando menos esperei, percebi que meus dentes são completamente insensíveis com o meu bolso. É que descobri ter sensibilidade dentária, uma dor insuportável ao comer ou beber alimentos gelados, quentes e ácidos. De primeira, achava que era uma cárie. Fui à emergência ortodôntica do meu plano de saúde super preocupada. Na verdade, essa ida ao dentista (que detesto!) foi uma tortura, pois a descoberta da sensibilidade aconteceu com o jato de ar daquela pistola (água/ar) da cadeira do dentista. A dor foi tamanha que bati no céu e voltei. Não foi apenas um jato, mas alguns jatos de ar! Quase chorei de desespero. Ai, veio o diagnóstico:

- Você está com sensibilidade dentária, devido a sua escovação que não está correta. Terei que fazer a restauração de um e, para os outros dois, você marca uma consulta. – disse o dentista.

Fiquei apavorada com a tal “restauração” e “outros dois”. Gelei e logo perguntei se teria necessidade da tal broca que faz aquele barulho maldito:

- Não se preocupe. Não vai precisar de anestesia e nem da broca. Irei apenas colocar a resina. – justificou o dentista.

Respirei aliviada. Ele fez a restauração em um dente e depois me deu a maior bronca sobre a minha escovação, explicando a maneira correta (de baixo para cima e vice-versa). A causa do meu problema de sensibilidade é o mais comum: a exposição da raiz dos dentes na área cervical/colo por causa da retração da gengiva (lê-se: gengiva levantada). Então, como a raiz do dente não está coberta pelo esmalte, sem a proteção da gengiva os milhares de buraquinhos, que fazem a ligação do feixe nervoso da polpa até a superfície do dente, ficam expostos. Um terço da população adulta, principalmente de 30 e 45 anos, tem dentes sensíveis.



Até ai, tudo bem. Marquei uma consulta para fazer a restauração nos outros dois dentes. No dia, expliquei a dentista o ocorrido que, também, me deu outra bronca.

- Mas eu já estou me vigiando e fazendo tudo direitinho! – logo me defendi.

Ela começou a fazer o trabalho e, a cada jato de ar, uma tortura. Pelo menos, a doutora foi mais delicada do que o primeiro que me atendeu. Os jatos eram bem de leve e com todo cuidado. Quando a dentista acabou, hora das orientações. A sugestão dela foi usar uma pasta dental específica para isso:



- Tem uma muito boa que está fazendo propaganda na televisão. É... esqueci o nome, mas é uma branca que vem dizendo nome sensitive. Você, depois de escovar normalmente, vai colocar um pouco no dedo e massagear os dentes sensíveis por um minuto. Escove diariamente.

“Hum... estou achando que isso é um total merchan durante a consulta”, logo pensei. Sabia que era a Colgate Sensitive Pró-Alívio, mas ela não disse o nome. Esperei que ela falasse, porém nada! Será que lá no consultório do meu plano não é autorizado isso? Porque ela não me passou receita, apenas orientou... Enfim...

Então, fui atrás do tal creme dental e levei o maior susto! A pasta tem um peso líquido de 50g e custava mais de R$ 8. Quase enlouqueci com o preço, mas logo pensei: “Tudo bem, é para o bem da minha saúde dentária”. Estou usando a danada faz algumas semanas e o efeito, de fato, é imediato: alívio! Mesmo assim, meus dentes continuam doendo um pouco durante o dia. Não sei se é porque estou pirangando ao usar a quantidade do creme, se meus dentes estão super, hiper, mega sensíveis, ou se o tal creme do alívio é “apenas imediato”...



Agora, vale uma reflexão:
Por que as indústrias de creme dental cobram tão caro pelo produto se um terço da população tem sensibilidade dentária? Normalmente, uma boa pasta de dente custa, em média, R$ 2, R$ 3, não é isso?

Acho que todos devem saber a resposta, não é? =P

Causas da sensibilidade dentária:
- Retração das gengivas devido à idade ou escovação inadequada;
- Bebidas ácidas, como refrigerantes, que causam a erosão do esmalte e a exposição da dentina;
- Bruxismo que faz com que todos ou a maior parte dos dentes se tornem sensíveis;
- Escovação com creme dental muito abrasivo, escovação incorreta ou em um número de vezes maior do que três;
- Gengivite, que pode causar a retração da gengiva;
- Dente lascado ou fraturado, com exposição da dentina;
- Alguns tratamentos dentários, como branqueamento, colocação de aparelhos ortodônticos ou restauração dentária.

Fontes e mais informações:
- Odontosites;
- Colgate;
- Isto É Gente;
- Colgate Saúde Bucal/Yahoo.

12 de setembro de 2010

Sim, tenho TPM!

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Um episódio num estacionamento de shopping me fez lembrar de outro em que descarreguei toda minha TPM (tensão pré-menstrual) em um cidadão de uma forma que até eu fiquei assustada. Pois é, aquela crise mensal que a maioria da mulherada tem. Algumas choram, comem que nem loucas, principalmente chocolates, se estressam, ficam sensíveis, ansiosas ou soltam os cachorros no primeiro filho da mãe que resolveu fazer alguma besteira, como no meu caso. Muitos dizem que isso é frescura e exagero, inclusive mulheres que não têm tais sintomas. Não é mesmo!

Basta conversar com especialistas ou fazer uma busca rápida pela internet: no site Gineco, diz que a TPM atinge aproximadamente 75% das mulheres; no ABC da Saúde, a “TPM é uma desordem neuropsicoendócrina com sintomas que afetam a mulher na esfera biológica, psicológica e social”; pesquisa da Unicamp revelou que 80% das mulheres já tiveram ou têm TPM e 95,1% têm sintomas físicos e emocionais. Passado o momento científico, vamos, então, aos fatos...



Na verdade, o episódio no estacionamento do tal shopping foi um trauma. Na busca por uma vaga, depois de procurar por vários andares, uma passa despercebida quando faço a curva. Paro, ligo o pisca alerta e começo a manobrar o carro. É quando percebo que outro próximo a mim para, o motorista abaixa o vidro e aponta para a minha vaga. Na hora, também abaixo o vidro e falo com a cara um pouco fechada:

- Ei, a vaga é minha!
- Calma, calma! Pensava que você estava saindo. Não precisa fazer cara feia. – explicou o motorista fazendo gestos para me acalmar e um pouco assustado.
- Tudo bem, moço. Desculpe se fui grossa, mas é que tenho um trauma. – justifiquei.
- Não que isso. Sem problemas. Não sou cafajeste para fazer uma coisa assim.

Foi ai que passou o filme na minha cabeça, daquele dia em que a fúria da TPM tomou conta do meu ser. Buscava uma vaga em um estacionamento de hospital que foi projetado para perturbar a cabeça de qualquer motorista. A cada andar que passava, nenhuma vaga disponível. Eis que, no último piso, um carro estava saindo. Aliviada, paro o carro, ligo o pisca alerta e espero o veículo sair. Enquanto isso, um monte de outros carros formava uma fila gigantesca atrás de mim. Fiz um sinal com a mão para esperarem, mas o cidadão bem atrás começou a buzinar. Foi quando desci do carro e gritei: “Estou esperando o carro ali sair”.

O tal veículo começou a sair, porém a arquitetura do estacionamento não estava ajudando muito. Precisei avançar meu carro para o outro descer. Ai, o tal cidadão, inteligente que só ele, teve a brilhante ideia de estacionar na minha vaga, em que estava esperando por minutos. Ah, foi quando a TPM veio com tudo! Já estava estressada porque ia chegar ao médico atrasada, não achava vaga e, pra completar, um filho da mãe rouba a minha vaga. Resultado:

Dei uma ré rápida no carro (como nunca tinha dado antes), parei atrás do veículo do cidadão e sai com tudo atrás dele:

- VOCÊ É DOIDO, É???? EU NÃO FALEI QUE IA COLOCAR O CARRO NESTA VAGA?!?! SÓ UM IDIOTA MAL EDUCADO PARA FAZER ISSO!!!! NÃO TEM IDEIA DO SIGNIFICADO DE CAVALHERISMO E EDUCAÇÃO NÃO?????



Eu gritava desesperadamente com o dedo na cara do cidadão, que não falava nada, apenas andava assustado pelo estacionamento. Não, não o xinguei, nem mandei ele para lugar nenhum, apenas descarreguei minha adrenalina de forma bem fina (e fofa que sou). Meu coração foi a mil, fiquei nervosa e tremendo que nem vara-pau, pois nunca tinha feito isso, principalmente com um estranho. Um senhor assistiu tudo de dentro do seu carro, enquanto esperava alguém chegar:

- Senhora, estacione aqui. – falou ele ligando o carro e se mostrando indignado pela minha frustração e ação do cidadão.
- Obrigada, senhor. Fico feliz de saber que ainda existe gente educada nesse mundo.

Estacionei o carro e fui em direção ao elevador para ir ao médico. Advinha quem eu encontro lá: o tal cidadão! Eu o encarei, com aquele olhar congelante. Percebi que ele estava todo desconcertado e, quando o elevador abriu a porta, saiu voando e tropeçando as pernas. Minha reação: dar uma gargalhada, que me fez relaxar e seguir.

Resultado: Sei que ninguém é obrigado a adivinhar que você está de TPM ou num mal dia, mas um mínimo de educação vai bem, não é mesmo? Ah, podem me chamar de louca e perturbada, entretanto atire a primeira pedra aquele que nunca teve um dia ou um momento de fúria ou a mulher que nunca teve uma crise de TPM! Além disso, quem não se irritaria com uma dessa? =)

25 de agosto de 2010

Ser confundida com uma fã é dose!

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Não é porque estou como assessora de comunicação que episódios hilários e inusitados no trabalho vão deixar de acontecer comigo, como aconteciam quando atuava na reportagem de um jornal local. Isso é óbvio, porque essas coisas me perseguem. Não tem jeito! Então, que tal ser confundida com uma fã desesperada para tirar uma foto, pegar um autógrafo ou “roubar” um beijo ou abraço do seu ídolo? Quer piorar a situação? Eu estava de salto, meia-calça, vestido (composto, vale ressaltar), ou seja, adequada para uma ocasião de trabalho, e com um crachá gigante identificando que estava a serviço. Sentiu o drama? Então, vamos aos detalhes do fato...

Certo dia, estava trabalhando em um grande evento que aconteceu na cidade e, nele, o ator e apresentador Rodrigo Faro fazia uma apresentação de um jogo feito com os participantes que estavam presentes. Todas as fãs estavam concentradas na frente do palco, soltando beijos, gritando declarações de “lindo, gostoso e maravilhoso” e apontando suas máquinas fotográficas e celulares para Faro, na tentativa dele corresponder aos chamados histéricos da mulherada. Eu estava lá, mas na labuta dos bastidores, para cima e para baixo, com um “salto de arrependimento” que resultou calos nos pés. Terminada a brincadeira, que por sinal foi super legal, fui acompanhar os vencedores e os convidados que iriam entregar os prêmios junto com Faro. Ah, foi ai que tudo começou!

Em meio aos flashes de máquinas por todo lado, eu estava meio que tentando organizar tudo dentro do “cercadinho” dos prêmios com outra colega de trabalho. Como todo fã sempre consegue arrumar uma brecha no meio da multidão, a mulherada começou a se agrupar ao meu redor. Foi ai que um segurança chegou pra mim e disse:

- Você não pode ficar aqui!
- Hã?!? Amigo, estou trabalhando. – falo mostrando o crachá.



Certo, consigo convencê-lo, permaneço no lugar e continuo trabalhando. Ai, outro ou o mesmo segurança, não lembro bem, diz a mesma coisa. Também dou a mesma resposta com calma. Enquanto isso, a mulherada continuava a fechar o cerco para ver o seu ídolo e eu no meio do vuco-vuco. Enfim, a sessão de fotos acaba e Faro volta aos bastidores (ufa!). Logo em seguida, um repórter me pede para confirmar os nomes completos dos vencedores. Prestativa, prometo conseguir e saio correndo (de salto) atrás da informação. Na entrada do backstage, um segurança me barra:

- Não pode passar, moça!
- Eu estou trabalhando, ó!!!! – contesto um pouco irritada mostrando o bendito do crachá pendurado no pescoço.

Depois de relutar minha passagem, o segurança me libera. Enquanto procuro alguém da produção para conseguir a tal informação para o repórter, Rodrigo Faro passa por mim junto com outras pessoas, acho que seguranças e seus assessores ou produtores. E de novo, escuto dizerem para mim:

- Não é para você estar aqui!!
- Cara, estou TRABALHANDOOOO!!!! – dou a “carteirada” novamente.

Segundos depois, volto a falar com o repórter para repassar a informação que tinha conseguido. Com a missão cumprida e um pouco descabelada, hora de descansar e conversar com os colegas de trabalho sobre o fim do serviço. Eis que pergunto:

- Fulano, vem cá, com toda sinceridade do mundo, responde uma pergunta pra mim?
- Claro. O que foi?
- Eu tenho cara de fã de Rodrigo Faro??
- Por quê? – perguntou Fulano dando gargalhadas.
- Poxa, desde hoje estou sendo confundido com uma!
- Hum... de repente...

Obs.: Mesmo não sendo fã, Rodrigo Faro me pareceu super simpático e atencioso com todos que estavam lá. Quando podia, atendeu as fãs, deu autógrafos, posou para fotos, soltou beijinhos e estava sempre sorridente, apesar do tumulto. Legal isso, porque nem todos são assim! =)

8 de agosto de 2010

Amigos por algumas horas

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Amigos são para sempre, estando juntos nos momentos bons e ruins e nos apoiando quando mais precisamos. Ainda existem aquelas amigos da mesa de bar, da balada, do trabalho, da escola, da faculdade, do prédio, das férias, de viagem, de infância, de compras, do bairro... As classificações dos amigos são as mais diversas. Teve um tipo que conheci durante uma viagem ao Rio de Janeiro para visitar um amigo que há anos não via, na verdade um eterno amigo da época do colégio. Esse tipo que conheci foi, para mim, algo novo e bastante inusitado, que me fez refletir sobre várias coisas da vida, principalmente sobre a definição de “amigos”. Chamei esse tipo de “amigos por algumas horas”. Pode parecer estranho, mas essa foi a melhor definição que encontrei para eles.

Foi durante um delicioso feriado que resolvi pegar o avião e aproveitar essa folga na terra maravilhosa na companhia de um bom amigo. Ao desembarcar no aeroporto do Galeão, não pude ser recebida pelo mesmo, então fui procurar o ponto de ônibus e seguir até o bairro da Urca, onde ele morava. Sentada em cima da mala, tento dividir o ponto de ônibus junto com outras dezenas de pessoas. Todos os veículos que serviam para mim chegavam lotados. Começou a bater o desespero, pois já estava com fome, no meio da tarde e não queria chegar ao meu destino no início da noite. Então, resolvi perguntar ao fiscal do ponto o que estava acontecendo. Nisso, mais algumas pessoas se juntaram a mim. A resposta, grossa e curta, foi de que teríamos de ir a outro ponto, do lado oposto do aeroporto, ou seja, uma boa tirada a pé.

Eu e algumas pessoas resolvemos ir, entre elas meus “amigos por algumas horas”. A que não estava com mala dividiu o peso da minha comigo. E o único homem da turma, com a mochila nas costas, ajudou a amiga que levava algumas sacolas, além da maleta. Rodamos o Galeão quase todo atrás do outro ponto de ônibus. Foi quando descobrimos que um engarrafamento estava impedindo o fluxo normal e os ônibus chegavam lotados. Demoraríamos horas para pegar um e chegar até onde queríamos. Ficamos ainda mais desesperados, pois o nosso amigo tinha um compromisso e eu e as meninas não queríamos chegar tarde ao nosso destino. Nessa hora, resolvemos nos apresentar e dizer os nossos objetivos. Descobrimos que todos iam para a zona sul da cidade. Então, uma das meninas deu a ideia de dividir um taxi, já que sairia quase o mesmo valor da passagem para cada um dos quatro.

Após apresentações, percebemos a confiança mútua entre ambos. Pegamos um taxi e seguimos. Um engarrafamento monstro estava dominando as linhas cariocas vermelha e amarela. Para passar o tempo, um bom bate-papo. Cada um contou um pouco de si e nos divertimos bastante. O menino da turma trabalhava na área de saúde e estava na cidade para um congresso. Uma das meninas era recifense como eu, salvo engano, publicitária e ia apenas matar a saudade de amigos no feriadão. A outra era carioca da gema e psicóloga e foi se despedir do noivo português, mas seu plano era de, dentro de alguns dias, seguir para África fazer uma pesquisa entre as mulheres africanas com Aids (algo bem culti, não?). Até o motorista de taxi entrou na conversa contando suas aventuras no trânsito.



Quase três horas depois, já na zona sul, a primeira parada foi em um shopping próximo da Urca, onde eu ainda precisava pegar outra condução. Quem desceu comigo foi a psicóloga da gema. Os outros dois seguiram a viagem. Ela me ajudou com as malas até próximo de sua casa, onde tentou comigo, por várias vezes, pegar um taxi. A carioca só se contentou quando conseguimos e eu entrei no veículo. Chegamos a trocar MSN, mas não obtive sucesso com nenhum deles. Não sei se anotamos errado, ou não compreendemos nossas letras, ou se perdemos os papéis onde anotamos os e-mails. Alguns podem pensar que foi apenas a situação de necessidade que juntou aquelas quatro pessoas, que, depois de atingirem seus objetivos, não deram importância ao fato e acabaram esquecendo. Pode até ser, mas aquelas três horas pareceram três dias, três meses, três anos, três décadas, pois, durante esse tempo, os “amigos por algumas horas” se ajudaram, se apoiaram no momento do sufoco, se divertiram, se curtiram, confiram um no outro e foram felizes. Não é o mesmo que dizemos dos amigos? =)

25 de julho de 2010

A saga da sexologia Crepúsculo

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Todos nós sabemos que educar criança não é uma tarefa muito fácil. A situação se complica mais ainda quando se trata de orientação sexual. Pais e mães sempre se perguntam qual a melhor maneira de falar com seus filhos sobre sexo, até porque essa criançada está além do que nós pensamos. Muitos pegam dicas em livros de especialistas, revistas sobre o assunto, conversam com outros papais e mamães que já passaram por essa mesma experiência ou simplesmente contam com a orientação na escola. O que eu não imaginava era que “A Saga Crepúsculo: Eclipse” (EUA, 2010) servisse para “ensinar” a pirralhada e me colocar em uma situação constrangedora ao que se refere “sexo na adolescência”.

Minha mãe e eu resolvemos levar meu primo/irmão/filho de 12 anos para assistir o tal filme dos vampiros. Até ai, tudo bem. A faixa etária está de acordo. E como todo filme de adolescente, nada de cenas ousadas e picantes demais. Então, eis que surge a cena em que a protagonista Bella conversa com uma de suas cunhadas (não lembro o nome) sobre ter que ficar sozinha uma noite na casa da família vampiro com Edward. A cunhada vampira brinca com Bella, pedindo para ela agradecer. É que, para o pai da protagonista, toda a família vai sair para caçar e a convida. Mentirinha básica de adolescente quando quer aprontar. Atire a primeira pedra quem nunca fez isso!

Enfim, nessa cena, todos no cinema riem. Isso porque, há três filmes, os protagonistas mal se beijaram, ou seja, ninguém fez NADA, seca total. Meu primo, rindo, olha para mim e pergunta:

- Não entendi? Por que todos estão rindo?
- Bem, é... Deixa o filme acabar que eu explico. – respondi meio constrangida.



Ele fez uma cara de “poxa, queria saber para rir também” e, não muito contente, voltou a ver o filme. Ai, veio outra cena. Bella conversando com seu pai sobre sexo. Um papo bem constrangedor, em que o pai não consegue explicar muita coisa. Então, a protagonista, em um momento, se irrita e diz: “Pai, se você quer saber, ainda sou VIRGEM”. Todos no cinema riram novamente, fazendo barulhos gaiatos. Então, surge a pergunta fatal:

- O que é virgem?

Eu e minha mãe não aguentamos e caímos na gargalhada. E o pirra insistia em querer saber o que danado era “virgem”. Não parava de perguntar desesperadamente e nós duas não parávamos de rir, assim como as pessoas que estavam ao nosso redor.

- O que é virgem? O que é? O que é? O que é VIIIRGEEEEM!
- Calma, menino, agora, não posso explicar. Olha o filme. Silêncio! – respondi sorrindo.
- Mas eu quero saber AGORA! – gritou o pirra segurando meu braço.
- Seguinte, quando o filme acabar, a gente explica direitinho.

Pronto! Enfim, ele se acalma e continuamos a ver o filme. Quando acaba, eu e mãe continuamos dando algumas risadas discretas, lembrando do que tinha acontecido. E quem disse que o danado do pirra esqueceu o enigma “virgem”? Ah, ele puxou meu braço novamente, enquanto descíamos as escadas da sala:

- Você ainda não me explicou o que era virgem!
- Deixa a gente sair do cinema primeiro. – justifiquei para ele.

No caminho para o estacionamento, ele veio novamente com a mesma pergunta:

- Mãe, a senhora é mais experiente do que eu. – comentei saindo de perto dos dois e indo pagar o estacionamento.

Até que minha mãe tentou me fazer explicar, mas passei a peteca para ela. Ainda não tenho gabarito para isso (!). Os dois ficaram conversando por alguns minutos. Quando o olhei, comecei a rir novamente. O rosto do pirra se modificou por completo, como um ponto de exclamação no fim de uma frase. Foi quando eu perguntei:

- Gostou do filme?
- Gostei. – olhando para o horizonte.
- Você entendeu?
- Entendi. – respondeu após alguns segundos de silêncio.

Todas as respostas dele para as minhas perguntas se seguiam assim. De repente, um silêncio dentro do carro. Olhei para ele do retrovisor e o vi com uma cara filósofa: “Quer dizer que virgem é isso... Acho que não deveria ter perguntado aquilo no cinema tão alto...”

Resumo: O pirra sabe o que é sexo, claro. A questão foi que ninguém tinha falado antes para ele o que significa a palavra “virgem” e que ele era um!

16 de julho de 2010

Um idioma chamado “pernambuquês”

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Geograficamente falando, sabemos que o Brasil é um país (lê-se único) dividido em cinco pedaços (lê-se regiões) e tem o português como idioma. Pode até ser, mas na prática não é bem assim. Ah, me chamem de louca ou de qualquer outro nome, mas, depois de lerem esta história, vão concordar comigo. Eu, uma nordestina, pernambucana, recifense, mais especificamente, fui passar alguns dias de folga em São Paulo, na capital mesmo. Durante esse passeio, descobri que não falo português, mas sim o “pernambuquês”. Não, não é preconceito linguístico (que aprendi a não ter na faculdade), muito menos preconceito regional. Descobri que moro num “continente” chamado Brasil, onde tem um “país” Nordeste. É lá que existe o estado de Pernambuco e sua capital, Recife, onde se fala a tal língua.

Certo dia, estava saindo do Terraço Itália (onde se tem uma bela vista de São Paulo), no Edifício Itália, pagando de turista com minha companheira de viagem, para ir até o Teatro Municipal. Sem termos ideia da nossa localização (mesmo depois de ter visto a cidade inteira lá do 41º andar), resolvemos perguntar ao segurança do prédio como chegaríamos lá.

- Teatro Municipal... hum... Você contoRna o edifício e segue em frente. No segundo farol, dobre a esqueRda e continue em frente. – explicou o segurança simpático.
- Ah, entendi. Arrudeio aqui e, no sinal, dobro, né? – indaguei na tentativa de confirmar meu entendimento.
- É, acho que é isso... – confirmou o segurança com a cara de “não entendi nada o que ela falou”.

Agora, pagando de gatinha na balada, o meu “pernambuquês” acabou me denunciando no meio de tantos locais. Enquanto dançava um bom samba rock, um paulista apareceu e começou com os trabalhos. Depois de muito blá-blá-blá, a água mole em pedra dura não furou. Ele acabou desistindo de mim (graças!). Horas se passaram e, já na hora de “pegar o beco”, a tal figura me aparece de novo, depois de ter passado a noite com loiras, morenas, ruivas... (acho que ele jurava estar subindo e descendo as ladeiras de Olinda no Carnaval).

- Lembro de você! Espera... deixa eu lembrar... – falou o paulista mais afogado que pedra de gelo num copo de whisky.
- É, lembra? – perguntei olhando para cara dele, esperando lembrar porque se lembrava de mim.
- Lembrei! Lembro porque você me deu o melhor beijo da noite! – comemorou.
- Cara, você está MUITO doido, porque, em momento algum da noite, te beijei. – comentei dando altas gargalhadas.

Ficamos alguns segundos discutindo a questão: “te beijei ou não te beijei” (mais parece nome de bloco de Carnaval). Ele insistia que sim e eu, claro, que não. Acabei ganhando no debate, mas a consciência dele veio à tona:

- Eu me lembro de você sim! Porque ouvi você falar “oxente” uma vez. Você é pernambucana! – afirmou o paulista com toda a certeza.
- É, sou! – confirmei um pouco sem graça.
- Sabia que me lembrava de você!

Ah, mas o meu “pernambuquês” é dos estrangeiros mesmo. Fazendo compras na feira da Liberdade, um tio com cara de chinês, japonês, sei lá, de oriental me veio com a melhor de todas. Conversava com ele sobre os preços de uns chinelos e percebi que me olhava com uma cara estranha, tentando entender o que eu falava.

- Desculpe, mas a senhorita é daqui? – perguntou o tio fazendo uma careta.
- Não. – respondi.
- Ah, é turista! Por acaso, é portuguesa? – perguntou ele fazendo careta de novo.
- Não. – respondi dando uma risada discreta.
- Então, é espanhola? – perguntou o tio com a cara de que “ainda descubro esse enigma”.
- Também não. – respondi gargalhando.
- A senhorita é de onde, afinal? – perguntou desesperadamente.
- Sou do Recife, Pernambuco, lá do Nordeste. – enfim, acabei com a agonia do tio.
- Ah, que legal! Desculpe, é que não estava entendendo direito o que a senhorita falava. – respirou ele aliviado.

Obs.: Este texto foi escrito apenas para lembrar que, apesar de sermos uma única nação e de vivermos no mesmo país, temos culturas diferentes. É o que torna o Brasil um país rico multiculturalmente falando e uma referência para tantos outros. Favor, deixe os preconceitos linguístico e regional de lado, ok? =)

3 de julho de 2010

Unhas bonitas x tempo: Uma eterna guerra

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Adoro fazer pesquisas, pois acabamos descobrindo resultados inusitados, além de confirmar aqueles que já deduzimos de acordo com alguma suposição. Uma prova disso foi uma enquete que fiz, junto com três colegas da pós-graduação de Comunicação Empresarial, sobre o perfil da mulherada moderna, trabalhadora, estudante e com família no que se refere “fazer as unhas”. Como era de se esperar, o resultado da pesquisa apontou que o tempo é o maior “vilão” e, por conta dele, é preciso encontrar alternativas práticas para estar sempre bela, inclusive sair que nem uma louca atrás de uma manicure.

Para fazer as unhas, as mulheres costumam ir ao salão de beleza (46%) ou elas mesmas fazem em casa (29%). A minoria opta por uma manicure ir até a sua residência (8%). Perguntamos também às entrevistadas quando elas costumam fazer as unhas e o resultado foi unanime sobre o tempo. Dia de semana jamais! A maioria (41%) disse que faz em qualquer dia ou quando sobra tempo e 38% confirmou fazer sempre no fim de semana. Por conta disso, 53% da mulherada prefere fazer as unhas com hora marcada e, mesmo assim, não quer esperar muito tempo, no máximo, 30 minutos, de acordo com 58% das entrevistadas.

Na hora do desespero, 55% delas já deixaram de fazer as unhas por não encontrar profissional ou salão disponível no momento em que desejavam. Então, sairiam que nem loucas atrás de alguém ou de um salão, ou seja, 66% das participantes da pesquisa informaram que fariam isso. Agora, vem um dado curioso. Mesmo com esse posicionamento, 55% delas costumam fazer as unhas sempre com a mesma profissional ou no mesmo salão. Resumindo: a infidelidade só acontece na hora do desespero por unhas bonitas!

Apesar da falta de tempo e da correria, a vaidade feminina sempre fala mais alta. Isso porque 44% das entrevistadas costumam fazer as unhas semanalmente e 23% quinzenalmente. Para vocês terem uma ideia de como a pesquisa funcionou, colocamos na internet dois tipos de questionários distintos sobre o assunto, nos quais 166 mulheres responderam durante uma semana. Fizemos a divulgação da enquete no Orkut, correio eletrônico e Twitter.

Conclusão: Fazer unhas é uma necessidade básica para a mulherada, precisando ser inclusa na lista do kit sobrevivência.

9 de maio de 2010

Repórter de “guerra” eleitoral

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Dentro de alguns meses, voltamos às urnas para escolher nossos representantes políticos em Brasília e nos estados. A cobertura eleitoral é algo emocionante, quando a disputa é acirrada, e até perigoso em determinadas situações. Foi assistindo a um filme, com meus pais, em que um repórter de guerra passa por muitos perrengues atrás de uma entrevista exclusiva com um criminoso de guerra, além de se vingar, - “A Caçada” (2007) - que me lembrei da aventura que passei no dia da votação passada, quando fui para a rua atrás de algum fato.

Certo, sei que nem a metade do que passei o repórter (Richard Gere) passou e que os assuntos nem se comparam (?), mas a sede de ir atrás do furo e a adrenalina é a mesma. Fui escalada para acompanhar um candidato a prefeitura de Olinda (Região Metropolitana do Recife - PE). A pauta era acompanhá-lo na votação em seu colégio eleitoral, ver o clima do local e segui-lo, para registrar a reação das pessoas e saber o que se passa pelas ruas. Assim que cheguei ao tal colégio e coloquei os pés para fora do carro, vi um policial expulsar um bêbado que queria votar de qualquer jeito.

Resumindo, a confusão estava armada. Todos na rua se reuniram para ver o ato e a pressão em cima da repórter aqui foi crescendo rapidamente, devido à fama do jornal em que eu trabalhava. Desacato a autoridade ou agressão ao cidadão? Cada um que defendia um posicionamento. Depois dessa recepção, o candidato chegou e o acompanhei tranquilamente. Vamos, agora, segui-lo de carro pela cidade, eu, o fotógrafo e o motorista. Por onde passávamos, a comemoração, após o ato, era feita silenciosamente, com exceção do povo, que bebia e se divertia naquele "dia de folga" na porta de suas casas.

Teve um momento em que corri, literalmente, pelo meio da rua atrás de uma viatura carregada com propaganda eleitoral proibida, deixando o carro e o fotógrafo para trás. Após a entrevista com o policial, que foi embora, dei por mim que estava só em algum lugar desconhecido, onde pessoas estranhas demonstravam não gostar muito da minha presença. Para a minha alegria, o restante da equipe logo chegou para me “resgatar”.

Ah, mas o melhor conto agora. O candidato parou próximo a um bar, que estava aberto. Fui averiguar, já que, no dia da votação, é proibida a venda de bebidas alcoólicas. Mal encarado, o dono do estabelecimento jurou de pés juntos que estava vendendo apenas comidas e refrigerantes e que as cervejas foram trazidas pelos clientes (?). Tudo bem. Continuamos seguindo a carreata silenciosa. De repente, a mesma viatura passa correndo por nós e para naquele bar. De súbito, mando o motorista voltar.

Quando chegamos ao local, a polícia já estava baixando as portas do bar. A confusão já estava armada, de novo, e nós recebemos a culpa. O dono do bar xingou até a minha mãe e peitou o fotógrafo. Minutos depois, percebo que a comunidade estava encurralando a gente (eu, o fotógrafo e quatro policiais). Um dos tiras chegou para mim e disse:

- Sai daqui, AGORA!

Não tive dúvidas: puxei o fotógrafo pela camisa, pois ele não queria sair nem a pau dali, e seguimos para o carro. Ah, foi chuva de latas de cerveja vazias, pedras e amontoados de santinhos em cima da gente. Um dos objetos, que não consegui identificar, quase bateu na minha cara. Só tive tempo de gritar uma coisa:

- Toca daqui, motô, VAI, VAI!

O motorista, novato naquele dia, saiu correndo de ré desesperado. Logo em seguida, só fizemos rir e o motorista estava duro ao volante, dirigindo no automático de volta para a redação.

Vocês precisavam ter visto a cara dos meus pais quando contei esta história!

2 de maio de 2010

Mala de quitutes

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Quando viajo, meu dilema sempre são as malas. Sei que é uma coisa que precisa ser trabalhada, apesar de já ter certa experiência com viagens. Foi lendo um post do blog da minha xará rapha no mundo sobre o assunto que me lembrei de um episódio que passei, mas não necessariamente “a cruel dúvida do que levar” e sim “levar encomendas”. Há um tempo, viajei para visitar minha prima peruana e conhecer a terra dos incas. Levei duas malas: uma mediana e outra grande. Até ai, tudo bem. A grande estava com minhas roupas e reservei a mediana para colocar os sapatos e para trazer os souvenires de viagem. Só que o uso na ida não foi bem assim...

Como minha prima peruana pouco vem pelas bandas de cá, a mãe dela sempre leva alguns quitutes brasileiros e pernambucanos na mala quando vai visitá-la. Dessa vez, ela me pediu para levar algumas coisas: Guaraná Antártica, farinha de mandioca, passoquita, flocos de cuscuz, entre outras coisas que não me lembro agora. Acho que, somando tudo, eram uns 10 quilos de quitutes locais. O problema é que tinha uma história de não poder levar esse tipo de coisas na mala, acho que por alguma legislação, que não tinha conhecimento, da vigilância sanitária peruana, enfim.

- Mas não se preocupe. Sempre levei e nunca tive problemas. Quando você desembarcar, terá que passar por uma triagem, apertando um botão. Se acender a luz verde, você pode passar. Acendendo a vermelha, terá que passar por averiguação. Comigo, sempre foi luz verde. – explicou a mãe da minha prima peruana.

Aceitei levar, porém sabia que essa história de luzes verde e vermelha não ia dar nenhum pouco certo comigo. Embarquei tranquilamente e, quando estava para chegar, precisava preencher uma ficha de imigração. No papel, dizia que era proibido transportar comida e tal. Logo pensei: “Que legal! Vamos lá!”. Ao chegar, passo pelo processo de desembarque internacional peruano mostrando meu passaporte. Diferente da experiência portuguesa, o funcionário lá mal olhou para minha cara e nem me perguntou absolutamente nada, apenas pegou meu passaporte, carimbou e me devolveu o documento.

Depois desse rápido processo de imigração, fui buscar minhas malas na esteira de bagagens. Sigo até a tal triagem, onde as pessoas apertavam o botão. Parei a certa distância e fiquei observando todo o processo. De fato, poucos acendiam a luz vermelha. Respirei fundo e segui em frente. Arrastando as duas malas, paro na frente do equipamento e aperto o tal botão. Sabe qual luz que acendeu? Claro e óbvio, a VERMELHA!

Uma moça do aeroporto que estava controlando a passagem lá pediu para me dirigir até um local onde teria que passar as malas no aparelho de raios-X. Foi ai que tremi na base e fiquei super nervosa. “Estou lascada!”, pensei. Quem operava a máquina era um homem com aquela cara padrão de peruano e nem um pouco simpático. Ele me pediu para colocar as malas na esteira e pegar do outro lado da máquina. Depois de alguns segundo de silêncio observando minhas malas no aparelho de raios-X, o peruano pergunta bem sério:

- Qual foi o seu voo?
- TAM, voo... é... do Brasil! – respondi toda desajeitada e nervosa, já que tinha ciência de estar fazendo uma irregularidade.

Novamente, silêncio. Esperei o pior diante daquela cena. Logo, me veio à cabeça ele dizendo: “Por favor, abra a mala!”. Para minha surpresa:

- Pode retirar as malas. – disse o peruano.

Não pensei duas vezes. Retirei as malas da esteira e sai o mais rápido que podia discretamente, com medo dele desistir e me chamar novamente. Quando encontro minha prima peruana, escuto:

- Danousse, menina! Para quê tanta mala?!?
- Ah, minha filha, nem me pergunte!

22 de abril de 2010

Uma louca em minha vida espanhola II

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Depois de apresentar Mari – proprietária da casa que fiquei durante um mês em Madri -, no post anterior, começo este já contando os episódios mais marcantes dos tantos que passei naquele piso. Parar salir de marcha, era sempre uma novela, pois precisava destrancar a porta da sala, ir para o vão, trancar a porta, tirar e guardar as pantufas, pegar os sapatos que ficavam em um pequeno armário, calçá-los, colocar o casaco, abrir a porta externa e trancá-la ao sair. Esse mesmo esquema se repetia, no sentido contrário, quando chegava da rua. Tudo isso a pedido de Mari. Tinha que seguir esse padrão para que não nos esqueçamos de nenhum detalhe.

E como detesto seguir esses tiques nervosos e perturbadores, lógico que tinha de passar por momentos muito toscos. Um foi quando estava terminando de calçar meu All Star preto de cano alto, cheio de cadarços, (lembrem-se do esquema relatado acima) descubro que esqueci meu cachecol. O medo do frio falou mais alto e tive que “voltar metade da fita” para pegá-lo lá no quarto. Fiz isso xingando deus e o mundo em português, claro! Outro foi quando estava já descendo as escadas e lembrei que tinha esquecido de pegar o meu mapa. Crente que já estava ambientada na cidade e com preguiça de “voltar a fita toda”, deixei para lá e, nas minhas andanças, fui parar no bairro mais barra pesada de Madri. Ê, beleza!

Ah, também teve o dia em que eu entrei no quarto de Mari. Sim, isso foi algo extraordinário, pois apenas a cozinha, o banheiro social e os quartos das hóspedes (a casa só recebia chicas) ficavam abertos. Revoltada por não conseguir uma doméstica que saiba fazer limpeza em seu piso “adequadamente”, resolveu fazer ela mesma. Gente, ela desmontou a cama para limpar todo o quarto! Foi algo assustador quando ela me chamou para ajudá-la a remontar a cama. Fiquei parada na porta do quarto dela, por alguns segundos, tentando entender aquela situação.

Sim, ainda tive a oportunidade de conhecer a sala, graças a uma das chicas americanas hospedadas que recebeu, na casa, a visita do irmão e amigos que por ali passavam. Digo isso porque a bendita da sala vivia trancada. O espaço era enorme com um monte de cacarecos antigos, mas bonito. Uma típica sala de vó! Até hoje, gostaria de entender como uma pessoa abre as portas da sua casa para estranhos, porém não abre todas as portas da casa. Vai entender... E quando ela cozinhava? Fechava a porta da cozinha para a casa não ficar fedendo a comida. Oxe, quem deixasse a porta aberta ou entrasse e saisse com frequência levava a maior bronca!

Bom, no fim das contas, Mari não era uma pessoa ruim, apenas diferente de todos os españoles que conheci (não foram muitos): meio perturbada e louquinha com seus tiques nervosos e suas filosofias malucas. Apesar da recepção tosca e diferente que recebi, agradeci sua hospedagem lhe dando um pequeno caminho de mesa rendado. Ela ficou enlouquecida com o presente e logo o juntou aos outros antigos cacarecos que estavam na entrada da casa. Espero que ele esteja ainda por lá, até porque custou uma nota! Rs...

6 de abril de 2010

Uma louca em minha vida espanhola I

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Dia desses, relembrei, com uma amiga, um episódio que aconteceu comigo quando fiz uma viagem para Madri (Espanha) por um mês para estudar español. O assunto principal pode parecer um choque entre culturas bastante diferentes, mas, na verdade, tem relação com perturbação do juízo mesmo. Durante minha estadia na ciudad castellana, fiquei na residência de uma senhora que chamarei de Mari, com seus, acredito, 65 anos de experiência. Quando li a descrição da casa da mujer mayor que a escola de intercâmbio me passou achei bastante intrigante. Dizia que o local lembrava um museu, com peças antigas que colecionava de décadas anteriores. Já comecei a ficar com medo do que encontraria.

Soube por minha hermanita mayor española que o bairro onde “moraria” era onde estavam concentrados os pijos e pijas da cidade, ou seja, um bairro nobre. Fiquei surpresa quando vi minha “casa”: um edifício de cinco andares muy chulo, como dizem os espanhóis. Minha hermanita mayor estava me acompanhando e teve o mesmo susto que eu quando a porta do meu “apartamento” foi aberta por uma figura bastante pálida, de cabelos ruivos, óculos e roupa estranhos (não consigo defini-los). Passadas as apresentações, começaram os momentos de perturbações.

Antes de, realmente entrar na casa, existia um vão, onde eram colocados os casacos e sapatos. Isso, sapatos! Um par de pantufas bem graciosas já estava a minha espera. Então, pensei: “Estou mesmo na Espanha ou em algum país oriental e não percebi?”. Lá vai eu tirar meu tênis e por as pantufas, porque não podia entrar com “sapatos da rua”. Estava carregando duas malas (uma maior e outra pequena) e não podia arrastá-las pela casa. Era necessário carregá-las para não arranhar o piso de madeira que dominava todo o apartamento, pois estava impecavelmente encerado. Também, de hipótese alguma, podia aconchegar as malas no chão. Mari logo providenciou uns plásticos que pôs em cima da minha cama e, ali, desfazia ambas, para, em seguida, serem guardadas no porão.

Até ai, tudo bem. O negócio começou a esquentar quando Mari me apresentou as regras da casa, eram mais de 15, que me recordo. Estavam escritas em um papel plastificado em cima da mesa. Ela me pediu para ler atentamente. Até hoje, estou mal por não ter tirado uma foto e guardado. Eram coisas que iam desde o óbvio ao surreal. Não comer ou beber no quarto, nem sair de toalha pela casa após o banho. Ok! Agora, tomar banho apenas uma vez ao dia, repito UMA vez ao dia... Isso foi demais para mim! Fui logo indagando, mas a resposta de Mari foi de imediato:

- Moramos num país onde passamos por muita seca no verão. Precisamos economizar água! Se você precisar, pode utilizar a pia para lavar o rosto, os braços e as axilas.

Oi, como assim? Expliquei a ela sobre o nosso costume de, pelo menos, dois banhos ao dia, mas ela não entendeu. E acho que ela não sabe o que é, realmente, seca, mas, enfim... Precisei dar um “jeitinho brasileiro” nessa história de banho. Por uma questão de hábito, fiquei tomando o meu precioso e único banho pela manhã e fazia o esquema do tal “banho de gato” antes de dormir. Ainda bem que o fim do inverno europeu não me deixava suar durante todo o dia. Uma vez, que fui até em casa guardar umas coisas antes de fazer turismo, Mari não estava. E essa cena se repetiu por mais dois, três dias seguidos no mesmo horário. Pronto, essa foi minha deixa para tomar banho escondido.

É, podem rir, mas era isso mesmo. Ainda tinha mais, fingia que tomava o “banho de gato” quando ela estava em casa. Fazia mais isso quando saia de noite, porque salir de marcha pelas ruas de Madri sem tomar banho era o fim. Diante dessa história toda, estava quase me convencendo de que os madrileños tinham, de fato, algum regime de economia do uso da água. Foi quando eu contei minha história para um amigo espanhol. Ele só fez rir e disse:

- Essa mulher é perturbada, porque não tem nada disso aqui. Eu, por exemplo, tomo banho, pelo menos, duas vezes ao dia ou quando bem quiser.

Foi quando percebi que estava na casa de uma louca, que tinha síndrome de limpeza, mas não gostava de tomar banho. No próximo post, contarei mais sobre Mari, pois minha convivência com ela merece e deve ser registrada!

7 de março de 2010

Uma noite de diva

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Descobri que não precisa ser uma Beyoncé, Mariah Carey, Madonna ou Lady Gaga para ser considerada uma diva. Certo dia, precisei ir a uma boate gay receber um prêmio pelas ações e apoio voltado ao público LGBT que meu atual trabalho faz. Nunca tinha ido a um lugar assim. Era a minha primeira vez. Apesar de ser trabalhando, estava super empolgada para conhecer o ambiente, que, para mim, era um mistério. Coloquei um tubinho preto e uma sandália prateada rasteira, acompanhados de uma bolsa carteira preta. Linda e maquiada fui acompanhando minha chefa e mais um colaborador da minha instituição.

- Vão te atacar! – comentou minha chefa.

Não levei muito a sério o comentário dela, que já tinha ido à boate acompanhada de amigos gays, alguns também meus. Chegando lá, tudo me parecia normal. Nada do que vi me assustou, pois casais de homens e mulheres se beijando e dançando já tinha visto em tantos outros lugares públicos. Enquanto a cerimônia do prêmio não começava, nos divertíamos bebendo, dançando e com algumas figuras hilárias que surgiam. Ah, vale lembrar que o repertório musical do local estava 100%.

De repente, sinto algo no meu pé. Quando vejo, uma figura ajoelhada beijando-o. Não, não era uma mulher, antes que alguém pergunte. Era um homem. Fiquei super assustada, porque, depois disso, ele fez um coração com as mãos e apontou para mim. “O que foi isso?”, logo pensei. A minha chefa também ficou sem entender:

- Deve ser um daqueles tarados por pés! - disse a chefa dando gargalhadas.
- Nada, deve ter sido uma biba louca que se apaixonou pela minha sandália. – completei brincando.

Rimos do acontecido e deixamos para lá, pois já sabia que tudo poderia acontecer ali. Tempo depois, o beijoqueiro louco voltou e, sem eu ver, beijou meus dois pés. Ele se levantou, me puxou pelo braço e disse:

- Seus pés são lindos! Estou apaixonado por eles....

Agradeci, meio sem graça, e deixei para lá. Fui ao bar e peguei outra cerveja. Também, depois disso tudo, só uma cerveja mesmo. Enfim, o evento começou e nos posicionamos na área vip dos premiados. Na hora da entrega, o mestre de cerimônias, também nosso amigo, fez o favor de nos chamar no palco, além do representante da instituição que foi com o objetivo de receber o prêmio. Nós, eu e a chefa, estávamos apenas acompanhando. Com os nomes chamados, tivemos que subir no palco e pagar o mico por completo. Quando descemos, a surpresa. O beijoqueiro de pés surgiu, furando a segurança da área vip. Beija meus pés novamente:

- Estava torcendo por você para ganhar o prêmio. Seus pés são lindos!!

Comecei a ficar desesperada, pois não sabia mais como lidar com aquela situação louca. Olhei para o segurança desesperada e, graças, ele entendeu. Retirou o louco dos pés do recinto. Ufa! Entre eu, a chefa e outros amigos próximos o beijoqueiro foi o comentário. Ah, mas não acaba por ai. Um cara, da produção de João do Morro, que também recebeu o prêmio, chega para mim e pergunta:

- O que aconteceu?
- Não sei. Desde cedo ele está me seguindo e fazendo isso!
- Você é gay?
- Nããão!!
- Você tem um sorriso lindo!!

Depois dessa, cheguei para a chefa e disse:

- Podemos ir embora?!? Cansei dessa noite de diva!

1 de março de 2010

Dilemas do guichê dois

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É fato que ir ao banco resolver pendências ou qualquer coisa relacionada à vida financeira não é nada animador. Minhas visitas bancárias são totalmente esporádicas. Acho que conto nos dedos a quantidade de vezes que fiz uma visita ao meu gerente. Certo dia, precisei ir ao banco e sabe quando foi isso? Numa folga! Isso porque já sabia que perderia algum tempo. Se não fosse pela insistência do meu pai, um contador convicto, demoraria mais alguns meses para resolver a pendência.

Enfim, peguei o carro e fui até a agência que, supostamente, não teria tanta gente para ser atendida no horário que escolhi. Primeiro dilema: encontrar uma vaga no estacionamento do banco. O “proprietário” das vagas me chama e mostra que há uma próxima a entrada. Descubro que era uma vaga reservada para idosos. Dou ré e estaciono em outra, um pouco mais distante, mas, pelo menos, consegui! Ufa!

Segundo dilema: descobrir, na agência, onde resolver o meu problema. Graças que tinha uma atendente logo no hall de entrada. Tiro minha dúvida, mas fiquei com medo, pois estava tudo muito fácil para uma agência bancária:

- É só a senhora ir ao guichê dois para falar com o atendente e preencher esta ficha. No momento, a pessoa está na hora de almoço. Em 30 minutos, deve voltar. – disse a atendente.

Bom, era 14h. Então, o que seria esperar 30 minutos? Já almocei, não tenho pressa e nenhum outro compromisso. Pronto, resolvi esperar. Preenchi a ficha e sentei em uma das diversas cadeiras que ali estavam. Terceiro dilema: o que fazer enquanto esperar para ser atendida. Pois é, esqueci de levar um livro. Quem vai ao banco precisa montar um kit espera! Como não tenho tanta experiência bancária, fiquei frustrada por não saber o que fazer nos próximos 30 minutos.

Comecei a ler todas as placas e cartazes possíveis a minha vista. Fiquei jogando no celular. Depois, observei todas as pessoas que estavam ao meu redor. Um senhor dormia, uma senhora lia um livro de salmos, outra falava desesperadamente ao telefone e tinha um senhor carregando uma pasta cheia de papel. “Espero que ele não esteja na minha frente”, pensei meio angustiada. Os tão esperados 30 minutos se passaram... Onde está o atendente do guichê dois?!? Nada!

Como detesto esperar, fui perguntar a um senhor engravatado – parecia ser o gerente - que estava no guichê três o paradeiro do guichê dois:

- Em 20 minutos, ele volta. – respondeu o homem sem olhar para mim.

Claro que se passaram os 20 minutos e nenhum movimento no guichê dois. Comecei a ficar desesperada. Nomes eram chamados. Mas eu não dei nome algum?!? Ai, vem o quarto dilema: a desorganização. Voltei até a atendente para confirmar se, realmente, não precisa dar nome para resolver o meu problema:

- Não, senhora. É só esperar o atendente do guichê dois. Assim que ele chegar, basta se aproximar. – respondeu ela.

Voltei e sentei. Pernas começaram a se balançar sozinhas e o sono batendo. “Não posso dormir no ponto”, pensei desesperada e com medo de alguém passar na minha frente, pois não sabia quem estava na vez. Tudo ali era muito confuso. Olho para o relógio, uma hora se passou e o guichê dois continuava vazio. De repente, vejo o movimento de um rapaz delgado e com uma cabeça nada compatível ao seu corpo se aproximar no tão esperado guichê. Meus olhos brilharam como de uma criança que recebe um pirulito gigante. Felicidade de pobre dura pouco, então ele vai logo embora.

Levanto de onde estava sentada e começo a andar de um lado para outro. É quando vejo as pessoas demonstrando completa insatisfação pela demora no atendimento. Além disso, muitos tinham ido embora e outros esperavam no lugar. O rapaz delgado volta e, enfim, ocupa seu guichê dois. Eba! Que nada, um senhor corre e senta na cadeira. Percebendo a manha, me aproximo logo do guichê e espero a minha vez. Minutos depois, consigo o atendimento. Falo meu problema e o rapaz logo começa a digitar. Em menos de cinco minutos, estava tudo pronto!

Sabem o que eu queria?!? Fazer apenas minha senha do Cartão Cidadão da Caixa Econômica.

25 de fevereiro de 2010

Precoce trauma (?) dos 30

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Sei que ainda faltam alguns anos para eu chegar à casa dos 30, mas acho que o trauma (?) da idade chegou mais cedo do que havia previsto. Tudo aconteceu quando estava com Cabecita (apelido carinhoso dado a uma querida e ilustre amiga que mora no meu coração) em uma pizzaria pelo Recife, jogando conversa fora na hora do jantar. Em uma mesa não tão distante da nossa, alguns adolescentes se divertiam, fazendo o maior barulho com as altas gargalhadas que davam por sabe-se lá o motivo. Cabecita, num dia de TPM braba, logo se irritou:

- Não tenho mais paciência com esses adolescentes! Que barulho!
- Calma, amiga, um dia você foi assim. Deixa eles lá! – contestei a sua revolta.

Voltamos a nossa conversa e a degustar as pizzas que por nós passavam. Uma fatia aqui, outra ali. Um refrigerante, um suco... Para finalizar, fatias de pizzas de brigadeiro, prestígio e chocolate com pedaços de morango... Ui! Depois da Gordinha do Mal ter baixado em nossos corpos, resolvemos ir embora, até porque não cabia mais nada além do ar que estávamos respirando. Antes disso, decidi dar uma passada no banheiro, já que moro num reino tão, tão, tão distante de qualquer lugar do Recife.

Ao entrar no recinto, me deparo com cinco adolescentes ou pré-adolescentes, - na verdade, nunca consegui diferenciar um do outro – fazendo poses para diversas fotos que tiravam, tendo como pano de fundo o espelho, claro. Enquanto fazia minhas necessidades, escutava o barulho ensurdecedor que faziam. Graças, não tinha problemas quanto a isso para fazer xixi. Quando fui lavar as mãos, acompanhei toda a produção fotográfica do espelho, um pouco contorcida para não aparecer nas tão produzidas fotos. Na hora de sair, elas resolvem tirar uma foto próxima à porta. Paro, espero elas terminarem e escuto:

- Vai logo, Fulana. Tira logo a foto! – disse uma delas.
- É, estamos atrapalhando a tia passar... – comentou outra.

Hã?!? Escutei direito?? Tia?!? Elas me chamaram de TIA?!? Não queiram saber qual foi a cara que fiz. Acho que nem preciso descrever a cara de uma pessoa que foi chamada de forma espontânea, pela primeira vez, de TIA. Tentando corrigir, uma terceira garota disse:

- Não, tia não. Prima, é melhor!
- É, de fato, prima é BEM melhor. – concordei.

Saio do banheiro ouvindo gargalhadas e vejo Cabecita com a maior cara de sapeca:

- E você, ainda pouco, defendeu eles.
- Sem comentários, amiga. Sem comentários...

La Chica Rizada acaba de chegar...

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Olá, acabo de chegar por aqui. Na verdade, acabo de voltar ao mundo dos blogs depois de muito tempo ausente, seja lá qual foi o motivo. Ainda não sei mexer direito nas configurações deste aqui, mas, já-já, “catucando” cada link aprendo todos os procedimentos. Enfim, vamos deixar de blá-blá-blá e começar os trabalhos. Inicio repostando (neologismo?), logo abaixo, alguns dos preferidos. Ok! É para não deixar vazio, enquanto não tenho nada para dizer! =)

Causos de viagens - Floresta/Cabrobó (PE)

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A curiosidade foi tão grande que resolvi voltar para rever o Velho Chico na segunda quinzena de julho de 2008. Desde a última vez que o vi (junho de 2007), muita coisa mudou. Fui pelo jornal fazer uma matéria sobre a Transposição do Rio São Francisco, publicada no dia 28 de julho. Percorremos mais de 600 quilômetros de estradas (muitas em péssimas condições), até as cidades de Floresta e Cabrobó, Sertão pernambucano, onde estão acontecendo as obras. Na verdade, neste texto não vou contar da matéria por si só, mas os bastidores, os causos de viagens!

Cheguei ao jornal, em um domingo, por volta das 8h. Horário não muito agradável para sair de casa, mas a empolgação era tamanha que nem estava me importando com isso. Minutos depois, hora de pegar a estrada (BR-232). Assim que entrei no carro, começou o primeiro causo. Tive que viajar cerca de cinco horas com o encosto do banco traseiro afundado, ou seja, fiquei com a minha coluna toda torta, rezando para chegar logo nas nossas paradas para esticá-la. O mesmo aconteceu na volta. Motivo: era o único carro que tinha acabado de chegar da revisão! (hunf!)

Até ai, tudo bem. Nada de mais. O momento mais tosco da viagem foi quando chegamos em Floresta, ao entardecer. Todos (eu, o motorista e o fotógrafo) estavam loucos para chegar ao hotel, tomar um bom banho e dar uma relaxada. Sonho não realizado. O hotel mais lembrava um cortiço abandonado! Pelo que percebi, parecia que o tal “estabelecimento” estava em reforma e o dono não tinha grana para terminar. Em um dos comunicados localizados nas portas dos quartos, havia uma justificativa datada há anos.

Criamos coragem e resolvemos entrar. Fiquei na expectativa de que, pelo menos, o quarto seria mais agradável, mas me enganei. Quase tive um ataque de claustrofobia quando entrei e a atendente (?) fechou a porta. Logo corri para abrir a janela, precisava respirar. Fui tomar um banho, mas o banheiro mal me cabia. Era preciso fazer uma ginástica para conseguir me ensaboar. A equipe logo saiu para jantar, pois estávamos famintos e não conseguíamos permanecer muito tempo nos quartos.

Antes de sairmos, o fotógrafo e o motorista resolveram mudar de quarto, porque não estavam se sentindo muito bem no que estavam, devido ao mofo nas paredes. Na volta, o susto! Eles foram atacados por formigas. Não eram aquelas que aparecem do nada em nossas casas, mas centenas desses insetos, daquelas bem pretas, que tentavam entrar no quarto dos meninos. Se demorássemos um pouco mais, ambos seriam carregados. Inseticidas nelas!

Depois de uma noite mal dormida, ao som de gafanhotos e com medo das formigas, acordamos para a primeira jornada de trabalho. A primeira parada foi na prefeitura da cidade. Queríamos falar com o prefeito, mas não estava no momento e fomos atendidos por uma de suas secretárias municipais. Enquanto conversava com a “autoridade”, o fotógrafo resolveu preparar a câmera fotográfica. De repente, a secretária para de me olhar e presta mais atenção no fotógrafo que tinha feito um movimento brusco com os braços e uma das pernas.

Assustada ela perguntou: “Algum problema?” O fotógrafo respondeu: “Não, senhora. Foi um gafanhoto que saiu do bolso da minha bolsa! Não se preocupe que não é uma barata!” Todos nós rimos! Segundos depois, a secretária perguntou onde estávamos hospedados. Falamos o nome do hotel e ela fez um sinal negativo com a cabeça, dizendo: “Moro perto de lá... Meu deus, eles ainda não fizeram dedetização.” Bom, não preciso falar mais nada, não é?

Contato desagradável

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Mal educados e grossos. É assim que defino os nossos “primos” lingüísticos, os portugueses. Soube de muitas histórias sobre a má impressão que eles repassam, principalmente, com os brasileiros. A ignorância é tamanha que nos custa a acreditar, até passar por situações que comprovem o fato. Ainda não consegui encontrar o motivo para ter tanto desgosto conosco. O que tranqüiliza é que a frieza e a distância, marcas registradas deles, também ocorrem com outras nacionalidades.

Para chegar a Madrid, fiz um vôo em que precisava fazer conexão em Portugal. No avião, a tripulação era toda composta por “primos”. Já os passageiros, não tinham como definir. Parecia que estava dentro de uma versão mais moderna da arca de Noé, gente de tudo que é lugar do mundo. Ao sentar, o que mais me chamou a atenção é que cada passageiro tem uma tela na poltrona da frente para o momento de lazer (jogos, filmes, músicas), também, são seis horas e meia de vôo.

Pobre não tem jeito mesmo. Acostumada apenas a fazer vôos domésticos, tive um pouco de dificuldade de utilizar o aparelho, mas nada como depois de uns toques de treinamento para entender a tecnologia. De repente, a tela se apaga e não queria funcionar de forma alguma. Chamo o comissário para me ajudar. Quando ele se aproximou, eu disse: “A tela apagou e não quer mais voltar”. O que escutei: “Já quebraste?”. Meu sangue subiu a cabeça e, educadamente, respondi que não. Ele tentou mexer em alguns botões e disse que iria ver na central e voltaria.

Depois de alguns minutos, ele retornou todo “ave Maria”, mas sem graça, pelo menos para mim. O comentário: “Isso é igual a um computador. Tu tens um? Aperte na tela devagar, pois ele é do interior e lento para pensar”. Fiz-me de idiota. Não ia chegar ao ponto de bater boca e me rebaixar a esse nível de ignorância. O pior de tudo é que não acaba por ai. No desembarque, escutei uma gracinha que, por pouco, não mando a pessoa para o raio que o parta. Veja: “Tchau, bom dia. Ah, na próxima vez, cuidado para não quebrar novamente”.

Ao desembarcar, o meu coração começou a acelerar. Estava chegando ao setor de migração. Pensei: “É só mostrar a documentação e tudo dará certo”. Fiquei perturbada com as notícias de brasileiros deportados nos últimos dias. Então, tirei toda a documentação da bolsa para facilitar e esperei a minha vez na fila. Rapidamente, me chamaram. Após dar um simpático “bom dia”, recebo uma resposta fria como a temperatura que estava a 10° C. O homem português me fez algumas perguntas básicas, como para onde estava indo, o que farei e quanto tempo permanecerei.

Até ai, tudo bem. Mas um comentário preconceituoso feito por ele me deixou constrangida e morrendo de vontade de respondê-lo a altura. Quando disse que iria para Madrid estudar espanhol, o português falou: “Por que os brasileiros vivem querendo aprender outra língua se não sabem nem falar português direito?”. Em seguida, ele carimbou o meu passaporte sorrindo, achando a coisa mais engraçada o que tinha dito a mim. Simplesmente, recolhi a documentação e perguntei: “Obrigada. Onde pego a conexão para Madrid?”.