9 de maio de 2010

Repórter de “guerra” eleitoral

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Dentro de alguns meses, voltamos às urnas para escolher nossos representantes políticos em Brasília e nos estados. A cobertura eleitoral é algo emocionante, quando a disputa é acirrada, e até perigoso em determinadas situações. Foi assistindo a um filme, com meus pais, em que um repórter de guerra passa por muitos perrengues atrás de uma entrevista exclusiva com um criminoso de guerra, além de se vingar, - “A Caçada” (2007) - que me lembrei da aventura que passei no dia da votação passada, quando fui para a rua atrás de algum fato.

Certo, sei que nem a metade do que passei o repórter (Richard Gere) passou e que os assuntos nem se comparam (?), mas a sede de ir atrás do furo e a adrenalina é a mesma. Fui escalada para acompanhar um candidato a prefeitura de Olinda (Região Metropolitana do Recife - PE). A pauta era acompanhá-lo na votação em seu colégio eleitoral, ver o clima do local e segui-lo, para registrar a reação das pessoas e saber o que se passa pelas ruas. Assim que cheguei ao tal colégio e coloquei os pés para fora do carro, vi um policial expulsar um bêbado que queria votar de qualquer jeito.

Resumindo, a confusão estava armada. Todos na rua se reuniram para ver o ato e a pressão em cima da repórter aqui foi crescendo rapidamente, devido à fama do jornal em que eu trabalhava. Desacato a autoridade ou agressão ao cidadão? Cada um que defendia um posicionamento. Depois dessa recepção, o candidato chegou e o acompanhei tranquilamente. Vamos, agora, segui-lo de carro pela cidade, eu, o fotógrafo e o motorista. Por onde passávamos, a comemoração, após o ato, era feita silenciosamente, com exceção do povo, que bebia e se divertia naquele "dia de folga" na porta de suas casas.

Teve um momento em que corri, literalmente, pelo meio da rua atrás de uma viatura carregada com propaganda eleitoral proibida, deixando o carro e o fotógrafo para trás. Após a entrevista com o policial, que foi embora, dei por mim que estava só em algum lugar desconhecido, onde pessoas estranhas demonstravam não gostar muito da minha presença. Para a minha alegria, o restante da equipe logo chegou para me “resgatar”.

Ah, mas o melhor conto agora. O candidato parou próximo a um bar, que estava aberto. Fui averiguar, já que, no dia da votação, é proibida a venda de bebidas alcoólicas. Mal encarado, o dono do estabelecimento jurou de pés juntos que estava vendendo apenas comidas e refrigerantes e que as cervejas foram trazidas pelos clientes (?). Tudo bem. Continuamos seguindo a carreata silenciosa. De repente, a mesma viatura passa correndo por nós e para naquele bar. De súbito, mando o motorista voltar.

Quando chegamos ao local, a polícia já estava baixando as portas do bar. A confusão já estava armada, de novo, e nós recebemos a culpa. O dono do bar xingou até a minha mãe e peitou o fotógrafo. Minutos depois, percebo que a comunidade estava encurralando a gente (eu, o fotógrafo e quatro policiais). Um dos tiras chegou para mim e disse:

- Sai daqui, AGORA!

Não tive dúvidas: puxei o fotógrafo pela camisa, pois ele não queria sair nem a pau dali, e seguimos para o carro. Ah, foi chuva de latas de cerveja vazias, pedras e amontoados de santinhos em cima da gente. Um dos objetos, que não consegui identificar, quase bateu na minha cara. Só tive tempo de gritar uma coisa:

- Toca daqui, motô, VAI, VAI!

O motorista, novato naquele dia, saiu correndo de ré desesperado. Logo em seguida, só fizemos rir e o motorista estava duro ao volante, dirigindo no automático de volta para a redação.

Vocês precisavam ter visto a cara dos meus pais quando contei esta história!

2 de maio de 2010

Mala de quitutes

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Quando viajo, meu dilema sempre são as malas. Sei que é uma coisa que precisa ser trabalhada, apesar de já ter certa experiência com viagens. Foi lendo um post do blog da minha xará rapha no mundo sobre o assunto que me lembrei de um episódio que passei, mas não necessariamente “a cruel dúvida do que levar” e sim “levar encomendas”. Há um tempo, viajei para visitar minha prima peruana e conhecer a terra dos incas. Levei duas malas: uma mediana e outra grande. Até ai, tudo bem. A grande estava com minhas roupas e reservei a mediana para colocar os sapatos e para trazer os souvenires de viagem. Só que o uso na ida não foi bem assim...

Como minha prima peruana pouco vem pelas bandas de cá, a mãe dela sempre leva alguns quitutes brasileiros e pernambucanos na mala quando vai visitá-la. Dessa vez, ela me pediu para levar algumas coisas: Guaraná Antártica, farinha de mandioca, passoquita, flocos de cuscuz, entre outras coisas que não me lembro agora. Acho que, somando tudo, eram uns 10 quilos de quitutes locais. O problema é que tinha uma história de não poder levar esse tipo de coisas na mala, acho que por alguma legislação, que não tinha conhecimento, da vigilância sanitária peruana, enfim.

- Mas não se preocupe. Sempre levei e nunca tive problemas. Quando você desembarcar, terá que passar por uma triagem, apertando um botão. Se acender a luz verde, você pode passar. Acendendo a vermelha, terá que passar por averiguação. Comigo, sempre foi luz verde. – explicou a mãe da minha prima peruana.

Aceitei levar, porém sabia que essa história de luzes verde e vermelha não ia dar nenhum pouco certo comigo. Embarquei tranquilamente e, quando estava para chegar, precisava preencher uma ficha de imigração. No papel, dizia que era proibido transportar comida e tal. Logo pensei: “Que legal! Vamos lá!”. Ao chegar, passo pelo processo de desembarque internacional peruano mostrando meu passaporte. Diferente da experiência portuguesa, o funcionário lá mal olhou para minha cara e nem me perguntou absolutamente nada, apenas pegou meu passaporte, carimbou e me devolveu o documento.

Depois desse rápido processo de imigração, fui buscar minhas malas na esteira de bagagens. Sigo até a tal triagem, onde as pessoas apertavam o botão. Parei a certa distância e fiquei observando todo o processo. De fato, poucos acendiam a luz vermelha. Respirei fundo e segui em frente. Arrastando as duas malas, paro na frente do equipamento e aperto o tal botão. Sabe qual luz que acendeu? Claro e óbvio, a VERMELHA!

Uma moça do aeroporto que estava controlando a passagem lá pediu para me dirigir até um local onde teria que passar as malas no aparelho de raios-X. Foi ai que tremi na base e fiquei super nervosa. “Estou lascada!”, pensei. Quem operava a máquina era um homem com aquela cara padrão de peruano e nem um pouco simpático. Ele me pediu para colocar as malas na esteira e pegar do outro lado da máquina. Depois de alguns segundo de silêncio observando minhas malas no aparelho de raios-X, o peruano pergunta bem sério:

- Qual foi o seu voo?
- TAM, voo... é... do Brasil! – respondi toda desajeitada e nervosa, já que tinha ciência de estar fazendo uma irregularidade.

Novamente, silêncio. Esperei o pior diante daquela cena. Logo, me veio à cabeça ele dizendo: “Por favor, abra a mala!”. Para minha surpresa:

- Pode retirar as malas. – disse o peruano.

Não pensei duas vezes. Retirei as malas da esteira e sai o mais rápido que podia discretamente, com medo dele desistir e me chamar novamente. Quando encontro minha prima peruana, escuto:

- Danousse, menina! Para quê tanta mala?!?
- Ah, minha filha, nem me pergunte!