25 de fevereiro de 2010

Contato desagradável

Mal educados e grossos. É assim que defino os nossos “primos” lingüísticos, os portugueses. Soube de muitas histórias sobre a má impressão que eles repassam, principalmente, com os brasileiros. A ignorância é tamanha que nos custa a acreditar, até passar por situações que comprovem o fato. Ainda não consegui encontrar o motivo para ter tanto desgosto conosco. O que tranqüiliza é que a frieza e a distância, marcas registradas deles, também ocorrem com outras nacionalidades.

Para chegar a Madrid, fiz um vôo em que precisava fazer conexão em Portugal. No avião, a tripulação era toda composta por “primos”. Já os passageiros, não tinham como definir. Parecia que estava dentro de uma versão mais moderna da arca de Noé, gente de tudo que é lugar do mundo. Ao sentar, o que mais me chamou a atenção é que cada passageiro tem uma tela na poltrona da frente para o momento de lazer (jogos, filmes, músicas), também, são seis horas e meia de vôo.

Pobre não tem jeito mesmo. Acostumada apenas a fazer vôos domésticos, tive um pouco de dificuldade de utilizar o aparelho, mas nada como depois de uns toques de treinamento para entender a tecnologia. De repente, a tela se apaga e não queria funcionar de forma alguma. Chamo o comissário para me ajudar. Quando ele se aproximou, eu disse: “A tela apagou e não quer mais voltar”. O que escutei: “Já quebraste?”. Meu sangue subiu a cabeça e, educadamente, respondi que não. Ele tentou mexer em alguns botões e disse que iria ver na central e voltaria.

Depois de alguns minutos, ele retornou todo “ave Maria”, mas sem graça, pelo menos para mim. O comentário: “Isso é igual a um computador. Tu tens um? Aperte na tela devagar, pois ele é do interior e lento para pensar”. Fiz-me de idiota. Não ia chegar ao ponto de bater boca e me rebaixar a esse nível de ignorância. O pior de tudo é que não acaba por ai. No desembarque, escutei uma gracinha que, por pouco, não mando a pessoa para o raio que o parta. Veja: “Tchau, bom dia. Ah, na próxima vez, cuidado para não quebrar novamente”.

Ao desembarcar, o meu coração começou a acelerar. Estava chegando ao setor de migração. Pensei: “É só mostrar a documentação e tudo dará certo”. Fiquei perturbada com as notícias de brasileiros deportados nos últimos dias. Então, tirei toda a documentação da bolsa para facilitar e esperei a minha vez na fila. Rapidamente, me chamaram. Após dar um simpático “bom dia”, recebo uma resposta fria como a temperatura que estava a 10° C. O homem português me fez algumas perguntas básicas, como para onde estava indo, o que farei e quanto tempo permanecerei.

Até ai, tudo bem. Mas um comentário preconceituoso feito por ele me deixou constrangida e morrendo de vontade de respondê-lo a altura. Quando disse que iria para Madrid estudar espanhol, o português falou: “Por que os brasileiros vivem querendo aprender outra língua se não sabem nem falar português direito?”. Em seguida, ele carimbou o meu passaporte sorrindo, achando a coisa mais engraçada o que tinha dito a mim. Simplesmente, recolhi a documentação e perguntei: “Obrigada. Onde pego a conexão para Madrid?”.

3 comentários:

Hannah Sá on 25 de fevereiro de 2010 às 13:01 disse...

Queria saber porque eles gostam tanto de nossos produtos (músicas e novelas) se a qualidade do nosso português é tão terrível assim.
Eu, ehim... que fiquem lá sendo o apoio de subalternos para a Europa... ¬¬

Rafaela Aguiar on 25 de fevereiro de 2010 às 14:51 disse...

vai lá saber... só sei que, depois dessa, fiquei com super trauma... o.O

Juliana disse...

Nooooooossa! Eu não teria aguentado e mandado esse último pra pqp!

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