Certo dia, estava saindo do Terraço Itália (onde se tem uma bela vista de São Paulo), no Edifício Itália, pagando de turista com minha companheira de viagem, para ir até o Teatro Municipal. Sem termos ideia da nossa localização (mesmo depois de ter visto a cidade inteira lá do 41º andar), resolvemos perguntar ao segurança do prédio como chegaríamos lá.
- Teatro Municipal... hum... Você contoRna o edifício e segue em frente. No segundo farol, dobre a esqueRda e continue em frente. – explicou o segurança simpático.
- Ah, entendi. Arrudeio aqui e, no sinal, dobro, né? – indaguei na tentativa de confirmar meu entendimento.
- É, acho que é isso... – confirmou o segurança com a cara de “não entendi nada o que ela falou”.
Agora, pagando de gatinha na balada, o meu “pernambuquês” acabou me denunciando no meio de tantos locais. Enquanto dançava um bom samba rock, um paulista apareceu e começou com os trabalhos. Depois de muito blá-blá-blá, a água mole em pedra dura não furou. Ele acabou desistindo de mim (graças!). Horas se passaram e, já na hora de “pegar o beco”, a tal figura me aparece de novo, depois de ter passado a noite com loiras, morenas, ruivas... (acho que ele jurava estar subindo e descendo as ladeiras de Olinda no Carnaval).
- Lembro de você! Espera... deixa eu lembrar... – falou o paulista mais afogado que pedra de gelo num copo de whisky.
- É, lembra? – perguntei olhando para cara dele, esperando lembrar porque se lembrava de mim.
- Lembrei! Lembro porque você me deu o melhor beijo da noite! – comemorou.
- Cara, você está MUITO doido, porque, em momento algum da noite, te beijei. – comentei dando altas gargalhadas.
Ficamos alguns segundos discutindo a questão: “te beijei ou não te beijei” (mais parece nome de bloco de Carnaval). Ele insistia que sim e eu, claro, que não. Acabei ganhando no debate, mas a consciência dele veio à tona:
- Eu me lembro de você sim! Porque ouvi você falar “oxente” uma vez. Você é pernambucana! – afirmou o paulista com toda a certeza.
- É, sou! – confirmei um pouco sem graça.
- Sabia que me lembrava de você!
Ah, mas o meu “pernambuquês” é dos estrangeiros mesmo. Fazendo compras na feira da Liberdade, um tio com cara de chinês, japonês, sei lá, de oriental me veio com a melhor de todas. Conversava com ele sobre os preços de uns chinelos e percebi que me olhava com uma cara estranha, tentando entender o que eu falava.
- Desculpe, mas a senhorita é daqui? – perguntou o tio fazendo uma careta.
- Não. – respondi.
- Ah, é turista! Por acaso, é portuguesa? – perguntou ele fazendo careta de novo.
- Não. – respondi dando uma risada discreta.
- Então, é espanhola? – perguntou o tio com a cara de que “ainda descubro esse enigma”.
- Também não. – respondi gargalhando.
- A senhorita é de onde, afinal? – perguntou desesperadamente.
- Sou do Recife, Pernambuco, lá do Nordeste. – enfim, acabei com a agonia do tio.
- Ah, que legal! Desculpe, é que não estava entendendo direito o que a senhorita falava. – respirou ele aliviado.
Obs.: Este texto foi escrito apenas para lembrar que, apesar de sermos uma única nação e de vivermos no mesmo país, temos culturas diferentes. É o que torna o Brasil um país rico multiculturalmente falando e uma referência para tantos outros. Favor, deixe os preconceitos linguístico e regional de lado, ok? =)
3 comentários:
primeiro: teu cabelo tá gigante!!!
agora, vamos ao comentário: ficou massa esse post, chica. eu não me esforço nem um pouco para perder meu sotaque (como vejo muita gente fazendo por lá). acho o máximo e faz parte da minha identidade, quem não gostar que se lasque! hahahahahha
:*
pois, é! meu cabelo tá gigante mesmo! hahahaha...
concordo contigo! eu, no seu lugar, faria o mesmo, permanecendo com o meu "pernambuquês". assim como canta o nosso ilustre otto.... adoro aquele sotaque! hahahahahaha... =*
primeiro: teu cabelo tá gigante!!! [2]
Quem lê até pensa que tu fala que nem: "Oxênte bixinha, viximaria..." xDD
sugiro mudar o nome do post para "Quando um simples Oxênte vira o melhor beijo da noite"
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Un recadito!